sábado, 3 de julho de 2010

Capitulo II - Sentimentos & Acontecimentos

A nova cidade,tinha um ar reconfortante a casa que nós fora arranjada era simplesmente agradável.Novamente eu tinha um quarto só para mim,o nosso começo naquela casa fora um tanto apertado,minha mãe ainda não tinha um emprego fixo e as coisas se dificultavam devido à minha mãe não ter uma formação certa,quando conseguiu um trabalho,esse trabalho determinou coisas tão importantes para o nosso futuro,que acabamos por ter um negocio, uma coisa nossa,algo que conquistamos.Ela se tornou uma ‘chef’ em doces,ela acabou por conciliar as coisas que mais adorava.E se sentiu realizada diante de tudo aquilo,nós não tivemos noticiais de Terrytown durante quatorze anos.
Durante todo esse tempo,a escola me tomou uma atenção maior do que a dos meus sentimentos,nunca tive amigas na nova escola,e por um tempo minha mãe se preocupou com aquilo,sua duvida foi tirada quando eu lhe disse que eu não conseguia acreditar em ninguém a não ser em Peter,os poucos namorados que tive esperaram um tipo de “doação” maior do que aquela que eu podia dar, jamais pronunciei à eles que eu os amava,apesar de ouvir milhões de vezes aquilo.
Eu gostava,mas,não amava,isso eram coisas totalmente diferentes. Durante quatorze anos,eu vivi em uma cidade agradável e movimentada, vivendo tudo aquilo que me fora oferecido.A faculdade que decidir seguir era bem conveniente com a situação de minha infância.Não fora nada fácil ter uma rotina totalmente ocupada,mais aos poucos eu peguei o ‘ritmo da coisa’.
O negocio de minha mãe ia de “vento em polpa”,os cidadões adoravam suas ‘invenções’.Quando eu tinha uma folga dos estudos,eu a ajudava.
Minha mãe foi feliz sozinha durante seis anos,quando um novo cidadão apareceu na cidade e tomou seu coração,ela se casou novamente.Meu padrasto tinha especialidade em medicina,e eu via que ele amava minha mãe, seu nome era Robert Johnson.
Não demorou muito para que eu saísse da escola e ir me especializar.Crimes hediondos fora a área escolhida.
Então,era hora de eu voltar no tempo e cumprir uma promessa importante.

Não lembro exatamente quanto tempo passei na estrada,mas,aquilo não importava para mim,com meus 24 anos recém completados e uma mochila.Eu estava voltando para a cidade onde aos meus 10 anos eu saí completamente derrotada.Agora eu voltava,não como uma menina,mas,como uma mulher que o tempo só fez amadurecer ao longo dos anos.
A cidade tinha a mesma paisagem,ela só estava sendo tomada pela industrialização que parecia ter se fortalecido com o tempo,trazendo assim os benefícios do turismo e comercio de grande porte para a cidade.
Tive que encará-la com um certo brilho nos olhos,era indispensável a ironia.
Então,estacionei o carro defronte ao meu destino,eu entrei no estabelecimento,ele não mudará nada.Avistei dois,ate três,funcionários novos,deviam ser recém-formados ou estudantes tendo um trabalho de meio período que o restaurante-bar de tia Beth oferecia.
Era muito engraçado como tudo aquilo me fazia lembrar de coisas que passei,ali mesmo na minha infância.Eu avistei a senhora conhecida,atrás do balcão e pedi um uísque duplo,afim de que ela me reconhecesse.Um leve olhar foi me dado,mas,parecia que ela não sabia de onde havia me visto,então foi quando perguntou :

- O que traz uma jovem como você por essas bandas?
- Estou atrás de um velho amigo.
- Ah,um amigo? Deduzi que você não era daqui assim que entrou.Você me lembra uma velha amiga.
- Acho que sei de quem a senhora está falando,mas,acho que não me pareço nem um pouco com ela – brinquei.
- Não,não minha cara,acho que você não a conhece,ela se foi desta cidade faz quatorze anos,amanha. – Disse,com o olhar distante.
- Como eu haveria de não conhecer minha própria mãe? – de repente seus olhos se arregalaram,e eu concordei com a cabeça,o tal pensamento que deveria estar passando por sua cabeça naquele exato momento.
- OH! Eu não acredito! – Exclamou – Como você está grande minha querida! Onde esta sua mãe?
- Ela não sabe que eu vim,senão teria vindo sem duvida.Ela se casou novamente. – Disse.
- Não acredito! Ele esta fazendo ela feliz,não esta? – Ela disse pondo as mãos na cintura.
- Esta sim,ele é uma ótima pessoa,nos ajudou muito.Ela tem o próprio negocio e eu acho que ela esta grávida – Este ultimo,eu meio que sussurrei,como se fosse um segredo.
- Oh,meu deus! Minha querida,Alice! – Exclamou mais uma vez – Acho que o velho amigo que você estava se referindo é Peter,não?
- Sim! – Meus olhos brilharam e eu pude sentir minha pele esquentar.
- Ah,querida,ele esta no trabalho agora,mas,deve voltar a noite! Onde você ira dormir?
- Pensei em passar a noite na velha pensão da senhora Mercedes.
- Nada disso! Você irá ficar aqui.Não vou deixá-la ficar por ai mal agasalhada.
- Não quero lhe dar trabalho,tia.
- Não irar dar nenhum,você e sua mãe,sempre serão bem-vindas aqui.
- Obrigada! A senhora ate hoje,faz as coisas pela gente,eu só tenho a agradecer.
- Por nada,querida.Eu só fiz minha parte. – Disse,sorrindo – Vamos lá,pegue suas coisas,vai dormir no quarto de Peter.
Eu lhe respondi com um sorriso que ia de orelha em orelha.
Quando entrei no quarto,muitas coisas haviam mudado.Fotos estavam empilhadas em um quadro magnético na parede,o papel de parede também havia mudado,pôsteres ocupavam uma parede.A cama estava maior,mas,ainda no mesmo lugar a lamparina de bichinhos,nada lhe substituiu.
Como aquele quarto me trazia recordações,liguei a lamparina e resolvi me deitar um pouco na cama.Devo ter adormecido,pois quando acordei já estava escuro e uma breve olhada no relógio de pulso,indicava que eram 19:45.
Resolvi fazer uma visita ao banheiro,lavei o rosto e os dentes.Voltei ao quarto e comecei a me despir,tirando a blusa,quando a porta foi aberta,e eu olhei para trás,então.Os meus olhos se encontraram com aqueles que eu jamais esqueci,o brilho habitual estava lá.Tomando agora o lugar de um confuso, e envergonhado olhar.Ele pronunciou um “desculpe” e voltou a fechar a porta.
Mas,eu disse que podia entrar.

- Mas,troque-se primeiro ai eu volto,estarei esperando no corredor – ele disse.
- Esta bem,espere um segundo – Passado alguns minutos – Pode entrar.
- Pronto,assim é bem melhor,serio,me desculpe pelo ocorrido de agora a pouco. – Ele ainda estava envergonhado – Mas,o que faz aqui?
- Vim cumprir uma promessa de quatorze anos atrás – Seus olhos tomaram um brilho.
- Você lembra? – perguntou.
- Lembro sim,jamais esqueci.Você não sabe o quanto eu desejei por esse momento – Eu disse ansiosa.
- Eu também,então.. – O vermelho tomou suas bochechas,eu levantei,já que estava sentada na cama,e fui ate ele.Abracei ele tão forte,mas,não tão forte quanto ele.Nossos rostos foram se descolando do abraço e tomando forma para que um beijo fosse iniciado.
- Eu ainda te amo,sabia? – Ele disse.
- Eu sei,eu também nunca deixei de te amar.
Então,nós beijamos,fora um beijo de saudade,que se aprofundou,não parávamos nem para respirar,parecia que o oxigênio estava sendo passado um para o outro através daquela conexão.
Quando nos separamos,olhamos um para o outro e começamos a rir,eu dei um ‘soco’ de leve em seu ombro,e falei :

- Que feio,Peter! Mal,cheguei e você já esta me agarrando.
- Eu? Você que me agarrou e apertou a minha bunda! – Disse,começando a rir.
- Nem apertei,mas,eu sentir uma mão boba no meu seio esquerdo.
- Não falo nada,mas,eu sei que você irá sofrer muito agora! Cócegas! – Disse pulando em cima de mim e me fazendo dar risos histéricos.
- Para,por favor – Eu pedia em vão,já que ele começava novamente – Ah,é? Você vai ver!
Comecei a lhe fazer cócegas,tirei varias risadas,rimos tanto que depois de um tempo pedimos trégua.
Ficamos ali deitados na cama,olhando um para o outro e trocando caricias. Parecia perfeito,aquilo me fazia vibrar.A sensação de dizer ‘eu te amo’ há todo tempo estava ali presente,os beijos,os abraços.
Aqueles quatorze anos de certa forma,foram validos.Pois a espera só fizera o nosso amor aumentar.
Lembro que dormimos ali,juntos,esperando que o sol nascesse.

Na manha seguinte eu acordei com um vão ao meu lado,Peter já havia levantado,fiz minha higiene pessoal e tomei banho.Segui para a cozinha onde a mesa do café da manha já estava montada,me servi um pouco de café puro. Voltei para o quarto e decidi sair.Eu iria visitar um lugar onde as coisas haviam sido destruídas em minha forma de ver.
Por mais que aquilo doesse tanto dentro de mim eu teria que voltar lá,e encarar o meu passado,e eu queria saber,por onde ele andava.Resolvi buscar mais informações com a pessoa que mais sabia sobre ele.

- Tia? – Chamei-a
- Ah,querida! Já esta de pé? – Perguntou,respondi com a cabeça.
- Tia,eu quero saber de uma coisa – Comecei – Depois que nos formos embora,o que aconteceu à “ele”?
- Querida,para que você quer saber disso? – Ela abaixou a cabeça.
- Ele é meu pai,tia,apesar de tudo – respondi com firmeza.
- Esta bem,se você quer remexer nisso é porque esta realmente decidida – Ela serviu para nós duas drink’s e sentou-se a minha frente – Ele sabia que eu às tinha ajudado a fugir,e veio no dia seguinte a partida de vocês,tirar satisfações,nós o botamos daqui para fora.Mas,ele continuava a beber por ai e a arranjar encrencas,ate que um dia nós não o vimos mais,e nem tivermos noticiais durante 6 anos.Foi quando ele voltou para a cidade,estava renovado, parecia outra pessoa,parecia ter sucesso em algum trabalho que fez por fora,mas,o que ele tinha feito no passado não parecia ter cura,desde então,ele tem vivido na casa que era de vocês,sozinho.Somente tem saído para as coisas do dia-a-dia.
- Ele esta agora lá? – Perguntei intrigada.
- Está,querida você não quer esperar Peter voltar para irem juntos? – Disse meio temerosa.
- Não tia,vocês já se envolveram demais com isso.

Eu peguei minha bolsa e o carro,e segui para minha antiga casa,nada estava como eu lembrava,as ruas estavam evoluídas e equipadas com o comercio,a casa branca da esquina onde eu morava também não estava a mesma, envelhecida,eu ate diria.Mamãe nunca teria deixado isso ocorrer.
Estacionei o carro defronte a casa,e segui ate a porta à pé. Bati três vezes na porta,com as costas das mãos.
Uma voz dentro da casa perguntou:

- Quem é? Não queremos nada.
-Não estou oferecendo nada,pode vir abrir por favor? – Eu disse.Então uma cabeça apareceu na janela com os olhos espantados,parecia ter mil trincos na porta,pois o som deles se abrindo não parava.
- Alice! Alice! – Exclamou,me abraçando.
- Não sou Alice! – Disse fazendo-o me soltar – Sou eu,a Sophie.
- Não é possível,como você esta parecida com ela,parece sua gêmea. – Ele disse me encarando com um brilho no olhar – Vamos,entre!
- Obrigada. – Entrei,e tudo esta exatamente no lugar.Tirando o fato que não estava a bagunça do dia de minha partida,mas,parecia que mamãe estivera por ali.Parecia que nós nunca tínhamos ido embora.
- Você quer alguma coisa? Tenho suco,refrigerante,água. – Ele disse nervoso. O tempo tinha acabado com toda aquela vitalidade que ele possuía.Era irônico e engraçado ao mesmo tempo.
- Não,eu vim para conversar com você – eu disse,ainda de costas,analisando a casa.
- Claro,claro! – Disse nervoso – Sobre o que quer conversar?
- Sobre o que aconteceu há quatorze anos. – As palavras que, praticamente,cuspi fez sua expressão mudar,parecia que uma onda de melancolia o estava atingindo.
- Eu sabia que um dia você viria atrás de respostas.Assim como sei que você não me ama mais,e nem me reconhece como pai – Ele disse com pesar.
- Ainda bem que sabe disso,me poupa trabalho – Era mentira.
- Vamos,eu estou disposto a lhe responder tudo – Falou se sentando.
- Porque você fez tudo aquilo ? – Perguntei me virando para encará-lo.
- Veja bem,eu não estava no meu juízo,tente entender que eu errei com você mais do que com sua mãe,eu a fiz sofrer e sei o quanto você não queria isso.- Ele disse,e aquilo me atingiu como uma bala no peito.
Mas,quando eu estava prestes a lhe dar uma resposta seguida de outras perguntas,algo passou pela minha visão,me fazendo parar.Era uma pessoa.
Realmente era uma pessoa.Mas,como,se estávamos só nós dois!?
Respirei fundo,procurando ignorar a presença daquele ser que agora estava sentado olhando o jardim da frente,pela janela.

- É eu não queria isso,jamais quis,e você não se importava,você sentava ai e ficava assistindo seu jogo de futebol idiota,tomando a sua cerveja idiota. E parecendo que nada era mais importante que isso.Foi realmente bom nunca ter que viver a vida toda assim ,principalmente aqui! – Falei,eu já estava puxando todo o meu coração para fora ao falar aquilo – Você sabe que tivemos que fugir,ir pra longe,nos afastar,pra que você não nos destruísse mais ainda! Um erro seu! Não nosso, você me afastou de quem eu mais amava por quatorze anos! Quatorze longos anos! Você não sabe o que é isso. Você não sabe valorizar aquilo que você tem.Se hoje você esta assim,é porque as conseqüências estão chegando! – Botei a mão na cabeça.Procurei não chorar, mas era inevitável,aquilo tudo doía demais.
- Você tem todo o direito de me dizer isso,todo.Eu errei e pago por esse erro.Mas,minha filha,por favor me diga,você me perdoa? – Ele se levantou estendendo os braços,fazendo menção de me abraçar.
Recuei,peguei minha bolsa,e sai.
Quando eu olhei para trás,eu vi uma coisa surpreendente.
Tanto que meus olhos se arregalaram e levei a minha mão até a boca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário